Por que praticar um esporte que possui poucos adeptos e se confunde com brincadeira de criança?
Por Marcelino Silva
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"Deixando os problemas de lado”. É assim que se sente o estudante de Medicina Veterinária, Cristiano Freadman, durante a prática do esporte náutico de sua preferência. Não se trata de pesca oceânica, mergulho ao fundo do mar e muito menos em pilotar jet-ski. Ele é um dos quatro participantes de um esporte pouco praticado e conhecido em sua cidade.
As tardes de sábados são reservadas ao exercício da modalidade. E, o local escolhido, é a Lagoa da Saudade, no Morro da Nova Cintra, em Santos (SP). É lá, que o estudante se reúne com outro amigo para esquentar os motores. “A lagoa é o único local adequado para a prática do Nautimodelismo, na Baixada Santista”, diz o praticante.
A categoria consiste em pequenas réplicas, proporcionais ao tamanho real (em escala), das lanchas e outros veículos náuticos. O modelo de Freadman seria um exemplar das velozes Off Shore, considerada a "Fórmula 1" dos esportes náuticos. Com 1,30 metros de comprimento, 30 centímetros de largura e pesando cerca de 6 quilos, o "brinquedinho" é transportado no banco de trás do carro do estudante.
O casco é fabricado manualmente por um artesão de São Bernardo do Campo (SP). Feito de fibra de vidro, ainda recebe uma pintura especial em gel. Essa técnica evita o desgaste provocado pelo sol e pela água. Movido a gasolina comum, com uma pequena mistura de óleo dois tempos, o interessante da Off Shore é o fato de seu motor ser uma adaptação de roçadeira (cortador de grama). “A capacidade do tanque é de 500 mililitros de combustível. Exigindo o máximo do motor é possível navegar por 1 hora. Ainda posso atingir cerca de 50 km/h”, explica Freadman.
O sistema elétrico também tem suas particularidades. Os dois mini-motores, instalados dentro do casco, são responsáveis em controlar os lemes, permitindo a movimentação da lancha para os lados. A sinalização luminosa, composta por quatro luzes, segue as normas de marinha. Duas lâmpadas (brancas) ficam na parte mais alta da lancha. Uma (verde) fica do lado direito. E a outra (vermelha) fica do lado esquerdo. Isso permite saber a direção da lancha durante a navegação noturna. O rádio-controle funciona por ondas de FM. Ele é responsável em enviar os comandos do piloto. Um receptor, dentro da lancha, obedece aos sinais e aciona os sistemas mecânico e elétrico da embarcação.
O custo total do equipamento fica em média R$ 3.500,00. Sendo R$ 2.500,00 da lancha com motor e mais R$ 1.000,00 do rádio-controle. Existem rádios-controles menos avançados, que custam por volta de R$ 250,00. Freadman explica que os campeonatos são freqüentes no ABCD Paulista, mas não é possível sobreviver do esporte. “Aquela região possui muitas represas. A Federação Paulista de Nautimodelismo promove campeonatos seguidos. Há premiação, com medalhas e troféus aos campeões. Tudo é simbólico. Todos têm uma profissão em paralelo. Lá, o número de praticantes também é maior. Aqui na Baixada ficamos restritos aos encontros de fim de semana”. Ao concluir, Freadman resume a sua paixão pelo esporte: “É uma brincadeira de adulto”.